quinta-feira, 8 de outubro de 2009

beijo, abraço, aperto de mão


O presidente desaba e a repórter erra o foco

(com as devidas desculpas pela demora. foram dias de caos e ranger de dentes)

Saí de Copenhague com a pecha de "a moça que o presidente abraçou". Abraçou, deu tapinha na cabeça, beijinho de tchau e nenhum resposta. Aliás, deu resposta, mas para a pergunta que ele inventou na cabeça dele, não as minhas.

É claro que ele abraçou coleguinhas também. Mas só eu tive de escrever isso no texto. E ainda agora recebo e-mails diários conta.

Luiz Inácio estava derretendo todo mundo em Copenhague, aquela terra fria e chuvosa. Na mesa de trás uma delegada americana conversava com argentinos que diziam que o presidente dela, o Obama, era o máximo. "Mas vocês já viram o do Brasil? Que figura especial, que pessoa bacana. Eu acho que ele leva."

Pois Luiz Inácio levou. Passou três dias em uma tensão de colocá-lo à beira do choro, mas levou. Perguntei depois como é que aquele sucesso todo, tão colado à imagem dele como foi construído, ia sobreviver ao seu mandato. E o presidente foi o político que é. Disse que o trabalho era do Itamaraty. Logo atrás o ministro Amorim, aquele mesmo que seria chamado em um artigo da Foreign Policy dois dias depois de "o melhor chanceler do mundo", sorria exultante _e eu não me lembro de já ter visto o Amorim exultante.

O Brasil levou tão bem que ganhou claque dos coleguinhas. De um dia para o outro, todos os problemas se dissiparam, todas as perguntas sérias foram esquecidas, todas as confrontações, abandonadas. É claro que jornalista pode ter coração, mas foi a entrevista coletiva mais ridícula que eu já vi. Até coleguinha experiente e culto fazendo pergunta cretina. Para não falar dos cretinos fazendo perguntas hipercretinas.

E eu achando que o presidente dera uma gafe internacional ao dizer que no Japão se dá bom-dia a um premiê e boa-noite a outro. Mas naquele dia ele podia tudo. A coleguinha japonesa do meu lado estourou de rir.

E então Luiz Inácio chorou. Aí... Aí não teve para mais ninguém.

Um comentário:

Mayra disse...

ele só abraçou a moça porque a gente pediu. escrevi uma carta pra ele dizendo "pô, lula, facilita aí, a gente tá morrendo de saudade da lu". agora, se ele não comentou nada é porque quis fazer o popular e levar o crédito... =)