sábado, 12 de setembro de 2009

pasquale, stefânia e a sogra


Mamma Stefânia mora aqui. Mas meu empenho era num lugar bem mais feio.

Pasquale, Stefânia e a sogra _não sei de qual dos dois, mas a cara diz "sogra" antes de "mãe"_ administram o pequeno hotel em uma cidadezinha italiana. Pasquale se comunica com pessoas que não falam italiano, mesmo que ele não fale outra língua; a sogra cria problemas e Stefânia salva jornalistas atrasados.

Stefânia bateu na porta nesta manhã. Olhei o relógio do celular, e catzo, dizia 8h. Por que a mulher me chamava àquela hora? Eu tinha acordado sozinha três horas antes e estranhado, meu relógio biológico nunca diz "5h, acorda". E agora ela não me deixava dormir direito.

"Suo impegno, signorina, suo impegno a 10!" (escrevo como ouvi, minha tecla SAP está em pane)

"Mas mulher", abro a porta irritada, a faxineira estava atrás dela já tentando entrar no quarto com um esfregão. "OTTO ORA."

"Não. 15 para as 11. Seu compromisso não era às 10?"

Aimeudeus. Olhei apalermada. O celular dizia 8 e pouco. Peguei o relógio, que concordou com Stefânia. Meu "empenho" _aquele que tinha me feito passar a quarta-feira entre aeroportos e aviões e avionetas distintas e antes precisado de horas de telefone em busca de autorizações_ era às 10. Meio-dia acabava, ou até meio-dia poderia entrar por duas horas, até agora não entendi bem a licença. Stefânia me tira do transe. "Mete a ropa, alora!"

Obedeci. Não tomei café-da-manhã. Não tomei banho. Stefânia ainda me chama um "táxi" (não tem aqui, mas eles dão um jeito). Pasquale faz um espresso. A sogra, a que olha para mim e pergunta "mas você vai pagar, né?" toda vez que faço qualquer pergunta, observa. Stefânia me acalma enquanto o tal do táxi não chega, eu já me sentindo uma anta. O táxi vem.

No meio da tarde volto, antes do próximo compromisso, e ela está na portaria sorridente. A sogra pergunta se foi tudo bem. Digo que sim, santa Stefânia. A sogra, que sempre fala com um sotaque impossível, pergunta num italiano claro, "É como tua própria mamma, não é? Te acordando desse jeito."

Não tenho como dizer que não. Quase dou um abraço na Stefania pela boa lembrança. Ser acordada pela mãe sempre foi a terceira melhor maneira de ser acordada. As duas primeiras, afinal, cabem ao Respectivo.

Nenhum comentário: